22 de junho de 2007

História dum cura de povo II


Nom lhe custou muito durmir, e como cada dia, desde fazia anos, as oito ergueu-se. Lembrou os pensamentos nocturnos e desbotounos, que absurdo! Pensou.

Na época em que estudava no seminário, gostava de ler livros de ideologia marxista, ainda que com o capital de Marx nom puido. Identificou-se de sempre com a teoria da libertaçom, é mais, ele pensava em rematar num bairro obreiro dumha cidade, e seres um cura obreiro, mais caprichos do destino rematou no rural, e aplicar o maoísmo na Galiza de hoje em dia, nom era umha boa ideia.

Sempre tentou atraer aos moços e moças do povo à igreja, cedeu-lhes os baixos da casa parroquial para que projectaram cinema, conseguiu artelhar umha pequena biblioteca, e incluso deixava ensaiar a um par de grupos. Mais a maioría dos moços, nom colhiam nunca um livro, as películas nom lhes chamavam muito a atençom e para colmo os grupos se encaminharam cara o punk, e nom gostava de que dos baixos da casa parroquial sairam berros em contra do alcalde, e constantes “cagos en dios”.

Tentara ires de misioneiro e fazer labor social à vez que levava a Cristo. Ele fazia-se numha aldeia no meio da Amazonia, viviendo Numha cabana, mentres edificavam umha modesta igreja de madeira, durmindo numha hamaca, mentres os monos e cans peleavam-se por um espaço na morada, comendo mandioca em comunidade com a tribu, e incluso ir a pescar ao rio, ele levaria sedal e ançós, e lhes ensinaria a pescar à europeia. Mais o bispo, talvez ante a falha de vocaçons, negou-lhe a petiçom.

Ao principio da sua estância no povo, tentou relacionar-se com a gente. E a melhor maneira de fazelo era frequentar o bar-tenda-taxi, da parróquia. Baixava todos os dias a jogar a partida de domino.

Ao princípio nom lhe deu importáncia, mais a cousa foi a maiores, e que segundo as cuncas de vinho iam correndo, mais se soltava a lingua dos companheiros de partida. Até certo ponto era tolerável que falaram de mulheres, e incluso com linguage altamente carregado de palabras sexuais, mais quando começavam a se meter com ele, e insinuar-lhe que si tal o qual mulher ia muito pola igreja, ou lhe pediam que contara as confessons de tal o qual mulher, a cousa tornava-se muito séria. Como resultado deixou de ires ao bar-tenda-taxi.

Desde o bispado e nestes tempos de ONGs, acordaram de colabourar com Caritas, e dezidiram contratar a mulheres com necesidades econômicas para que ajudaram aos parrocos na limpeça das casas parroquiais e das própias igrejas. As mulhres viviriam no mesmo povo. A vivenda a poria o concelho, que así frenava (palabras textuais do alcalde!) a caida demográfica do rural galego.

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